Peelings Químicos
A preocupação dos profissionais em geral e em particular, dos fisioterapeutas, esteticistas, biomédicos e cosmetólogos em relação ao cuidado estético do corpo e da face está crescendo rapidamente.
A ideia de discutir a qualidade estética da pele tornou-se amplamente aceita e praticada. Uma gama de produtos tem sido anunciada como fontes de rejuvenescimento, mas poucos deles apresentaram evidências científicas de eficácia comprovada.
O conhecimento mais amplo e aprofundado sobre a estrutura e função da pele permitiu o desenvolvimento e o incremento de produtos para o seu cuidado, apresentando apreciáveis efeitos benéficos sobre a mesma.
Tais avanços conduziram ao desenvolvimento de produtos cada vez melhores, porém, poucos ou nenhum deles representaram uma revolução na cosmetologia nos últimos anos.
Na pele humana intacta, o estrato córneo consiste de 14 a 30 camadas de corneócitos, os quais produzem uma barreira eficiente contra a penetração de moléculas maiores (peso molecular acima de 800 a 1000) e de eletrólitos sendo, portanto, desprezível a penetração de sais1.
Poucas substâncias conseguem penetrar facilmente a pele intacta e, a penetração destas, é proporcional à área de superfície de aplicação e à sua solubilidade em lipídeos2.
Os peelings químicos, aumentar a permeabilidade dos cosméticos, são muito usados por possuem 3 diferentes mecanismos de ação, sendo eles:
Acidez;
Toxidade;
Interferência metabólica.
O grau de acidez sempre foi aceito como sendo o principal mecanismo de ação. Porem algumas formulações possuem pH maior que 7, exemplo: misturas de fenol e Resorcina.
Segundo Brody3, peeling químico consiste na aplicação sobre a pele, de um agente que destrói, descompacta ou esfolia as camadas superficiais da pele. Os ácidos são todas as substâncias que possuem pH inferior ao da pele, que entre os autores consagrados considera-se entre 4,5 e 5,5; transformando-a de levemente ácida a totalmente ácida.
O tratamento compreende no controle desta esfoliação ocorrida na epiderme e pela regeneração da pele através própria epiderme, da derme papilar e seus apêndices. Infelizmente, em algumas circunstâncias, esta esfoliação perde o controle resultando em complicações seletivas. Apesar das condutas relacionadas com a rotina de um peeling, estas complicações podem ocorrer; e estão relacionadas com o agente esfoliante, local aplicado, tempo de aplicação e a profundidade cutânea atingida.
Em decorrência destas variáveis, não existem, na literatura, dados epidemiológicos precisos com relação a esta técnica. A palavra peeling vem do inglês que significa tirar a pele, descamar. O uso de agentes cáusticos e/ou escarificadores para acelerar uma esfoliação resultando numa injúria tecidual controlada de porções da epiderme (habilidade estética) e derme (habilidade dérmica) com posterior regeneração do tecido. O domínio da Fisioterapia Dermatofuncional, da Estética e da Cosmética, bem como em certos casos de ação da Biomedicina, é reconhecido como a utilização de produtos tópicos, cosmecêuticos, e que atinjam somente até a junção derme epidérmica.
Tais ácidos classificam-se como:
Superficial: aqueles que agem no nível da epiderme e não devem ultrapassar a camada córnea. Os riscos de complicação são pequenos, porém existem; principalmente com os ácidos orgânicos.
Médio: destroem tecidos e agem até o nível da derme papilar;
Profundos: chegam até a derme reticular;
Muito profundos: atingem a derme reticular média.
Os ativos esfoliantes penetram dependendo de uma série de fatores e variáveis, que devem ser observados, para se obter o máximo de sucesso nas aplicações.
Primeiramente deve-se observar se o ativo químico é orgânico ou inorgânico.
Em seguida o PRÉ- TRATAMENTO, OU PREPARO DA PELE: Higienização da pele antes da aplicação do peeling, com a intenção de adstringir a pele da sua oleosidade natural ou excessiva reduzir o extrato córneo e induzir ao estímulo a ser recebido de renovação celular.
É importante observar a CAPACIDADE DE DISSOLUÇÃO E DIFUSÃO DO ATIVO ESFOLlANTE: A capacidade de dissolução de um agente de peeling está relacionada com sua solubilidade no meio intercelular. Sabendo-se que o meio intercelular é aquoso, para facilitar a penetração de um agente Lipofílico basta adicioná-lo em meio aquoso.
Importante também é o conhecimento do PESO MOLECULAR, o tamanho da molécula do princípio esfoliante irá interferir na sua penetração.
É através do pH E CONCENTRAÇÃO DO ATIVO que saberemos o poder cáustico do produto.
Interfere também o NUMERO DE CAMADAS APLICADAS do produto, a DURAÇÃO DO TEMPO DE CONTATO COM A PELE, o TIPO DA PELE DO PACIENTE e fundamentalmente a LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA DA ESFOLIAÇÃO
Os peelings químicos são capazes de diferentes alterações na pele
Os principais objetivos de um peeling químico são explicitados de maneira básica através de 3 fatores:
Eliminação das camadas danificadas e envelhecidas da epiderme;
Renovação das células epidermais;
Por via reflexa a produção de uma agressão à derme através da qual é solicitada a inflamação, com ativação de mediadores celulares que promovem estímulos dos fibroblastos produzindo neocolágeno e melhora considerável na irrigação sanguínea local, bem como a invaginação das cristas dermoepidérmicas, favorecendo assim o aumento da superfície de contato entre a derme e a epiderme, tornando a pele histologicamente mais jovem.
Nos últimos anos, as substâncias mais discutidas são os alfa-hidroxiácidos (AHA's).
Há um interesse frequente dos pacientes por informações mais precisas sobre os AHA's, assim como um grande marketing para estes produtos.
Os AHA'S ocorrem naturalmente em frutas, cana-de-açúcar e iogurte 4,5 e incluem o ácido glicólico, o ácido láctico, ácido mandélico, o ácido tartárico e o ácido cítrico. Existem outros AHA'S como ácido glicérico (ácido di-hidróxi-propiônico), ácido tartrônico (ácido hidróxi-propanodióico), ácido ascórbico, ácido glucônico, e ácido benzílico. Destes, os mais frequentemente utilizados em cosméticos são o ácido glicólico e o ácido láctico e o mandélico. Estas substâncias têm sido utilizadas em dermatologia há mais de quarenta anos, principalmente como agentes de descamação (peeling) e emolientes da pele.
Dentre todos os AHA'S o ácido glicólico é o que possui a menor molécula. Devido à sua configuração, a indústria cosmética investiu em pesquisas a seu respeito. Contudo este ácido não possui afinidade lipossolúvel, e, portanto, perde muito da sua atividade em peles oleosas que é o caso da maioria da pele brasileira, onde o mais indicado é ácido mandélico que possui identidade lipossolúvel.
Também é clássico e universal que para se ter efeitos terapêuticos na derme como o aumento da biossíntese de glicosaminoglicanas e de outras substâncias fundamentais, de colágeno e possivelmente, de fibras elásticas, teremos que trabalhar com concentrações acima de 30% e pH abaixo de 3,5.
Foi demonstrado também que baixas concentrações de AHA'S (concentrações até 10%, pH em 3,5) reduzem a coesão dos corneócitos do estrato córneo ou por interferir com a ligação iônica intercelular visto que as moléculas apresentando grupamento hidroxila têm tendência a formar associações por pontes de hidrogênio, ou pela suposição de que o pH ácido induzido nas camadas externas do estrato córneo, pelo tratamento com AHA'S durante várias horas, possa romper estruturas que mantêm as células epidérmicas unidas ou, ainda, por inibição enzimática, induzida pelos AHA'S, de reações da sulfato transferase, fosfotransferase e quinases, levando pouquíssimos grupamentos fosfato e sulfato eletronegativos para a camada externa de corneócitos resultando assim, na diminuição das forças de coesão, e portanto resultando o aumento da permeação de outras substancias. Um segundo mecanismo possível é o aumento da hidratação do estrato córneo através das propriedades umectantes dos AHA'S6.
Paralelamente a pele torna-se mais flexível e menos vulnerável a rachaduras superficiais da camada córnea, fragilidade cutânea e descamação por uma verdadeira melhora na elasticidade do estrato córneo.
Muito ainda há de ser descoberto acerca das substancias químicas, mas diante do exposto percebemos claramente a ação focada destas substancias, diferentemente dos peelings mecânicos, que esfoliam todas as estruturas pelos quais ele for usado, e principalmente dos peelings físicos, que nada fazem em relação a capa córnea, pois não possuem afinidade com estas estruturas